Carl Jung (Psiquiatra Suiço, fundador da psicologia analítica.) disse
que a coisa mais aterrorizante é aceitar-se completamente. Dentre os
vários momentos da vida nos quais senti a força pulsante da necessidade
do autoconhecimento, talvez um dos mais difíceis tenha acontecido em
1990, cursando pós-graduação de Educação em Clínica Pastoral (Clinical
Pastoral Education). Durante 10 meses, trabalhando num Hospital
Psiquiátrico, convivi semanalmente com diversos pacientes deprimidos,
suicidas, drogados, traumatizados pela guerra do Vietnã, adultos e
crianças, cristãos e não cristãos. Fazia parte do treinamento participar
ativamente de grupos de terapia entre os profissionais e terapia
individual com meu supervisor pastoral. Após alguns meses de intenso
trabalho mental e esforço emocional, lembro-me ainda da profunda
exaustão psicológica e da dor do inverno
interior, quando chegou o verão de 1990. Um processo de auto revelação
eclodiu para nunca mais terminar.
Sejam quais foram as nossas falhas, qualidades e fraquezas, a auto
piedade e mera rebelião contra as deficiências não levará a lugar algum.
Nas palavras de Harry Emerson Fosdick (Famoso pregador Batista
americano nas décadas de 1920 e 1930 que opôs-se ao racismo e à
injustiça social), “É preciso atrever-se a se aceitar como um feixe de
possibilidades e realizar o jogo mais interessante no mundo, tirando o
máximo proveito de si mesmo”.
Faça disso o seu objetivo: conhece a si mesmo, consciente que essa é a
lição mais difícil do mundo. “Conhece-te a ti mesmo” é um aforismo
grego, pilar da filosofia de Sócrates ao qual ele teria respondido: “Só
sei que nada sei”. Nos tempos de Jesus, o provérbio era o seguinte:
“Médico, cura-te a ti mesmo” (Lc. 4:23). Aqueles que se comprometem com a
cura das almas, ao invés de viver apenas depositando esmolas na “bacia
das almas” (comprando e vendendo barato), devem empenhar-se na
auto-compreensão. Cura e autoconhecimento são parentes próximos. A vida
interior do cristão está diretamente ligada ao seu exterior: à sua
capacidade para viver, amar, aceitar, servir e curar. Você obstruirá o
trabalho da graça de Deus se não entender bem a si mesmo. A palavra
usada frequentemente para descrever o que estou dizendo aqui é
“autoconhecimento ”. É um bom termo, combinando a preocupação cristã com
o valor da pessoa e o desafio psicológico de enfrentamento do eu. Ele
não inclui apenas a compreensão intelectual e o mapa da vida, mas também
o reconhecimento das verdadeiras motivações, dos medos interiores, das
expectativas, sonhos e das reações habituais. Autoconhecimento é uma
sadia introspecção: a observação de si mesmo. É um processo mental e
espiritual consciente que analisa a própria vida: pensamentos,
sentimentos, desejos e sensações. Neste sentido, a introspecção é
saudável e pode ser usada como sinônimo para a
auto-reflexão. Autorreflexão exige equilíbrio emocional, capacidade para
enfrentar o passado, presente e futuro, confessar as limitações e
fraquezas. Somos antagônicos e incoerentes. Nas palavras da famosa
cantora e atriz Barbra Streisand: “Eu sou simples, complexa, generosa,
egoísta, pouco atraente, bonita, preguiçosa e motivada”. Precisamos, com
frequência, de amigos, mentores e conselheiros para fazer isso com
efetividade. Todos temos graus de miopia, pontos cegos e outros
obscurecimentos visuais.
Fora ou longe do amor verdadeiro de Deus e de relações maduras (notem bem, maduras)
com as pessoas, não poderemos e não conseguiremos verdadeiramente
conhecer a nós mesmos. Não é surpresa que possamos diagnosticar vários
temperamentos ou estados psicológicos que manifestem a maldade e
distorçam as relações entre o eu, Deus e outros. Pelo conhecimento de
nós mesmos, precisamos ser conduzidos a buscar Deus, cambaleantes e
hesitantes, segurados pela sua própria mão. Você só poderá ser
despertado para a necessidade de estar com Cristo à luz de sua própria
condição de verme, de névoa passageira, de pecador miserável e débil
conhecedor da pessoa de Deus.
Por: Rubens Muzio
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