sexta-feira, 15 de junho de 2012

Quem é o meu próximo?

Num mundo essencialmente egoísta, a parábola do samaritano é um alerta para nós. Nosso mundo, apesar de grande na extensão territorial, tem sido encurtado dia a dia por conta do avanço tecnológico, da comunicação e dos transportes. As facilidades diminuem a distância entre as pessoas, mas apesar dessas facilidades, fica uma pergunta “quem é o meu próximo e como ele está?” 

Para responder essa pergunta, Jesus contou a parábola do bom samaritano (Lc 10: 25-37). Na composição da parábola, aparecem alguns elementos muito conhecidos das pessoas que lêem as Escrituras. A narrativa começa assim: um homem descia de Jerusalém para Jericó e foi assaltado, bateram nele, tomaram seus pertences e o deixaram meio morto. Por ali passava um sacerdote, um levita e um samaritano. Os líderes religiosos, de quem se espera uma postura diferente, esses passaram e foram embora. Mas o samaritano, considerado uma pessoa impura e sem nenhum crédito naquele meio, compadeceu-se do homem ferido, sem medir consequências coloca a mão no arado, socorrendo o homem, procurando um lugar para que pudesse ter a sua recuperação com a dignidade e o valor concedido por Deus como ser criado. 

Primeira lição, olhando para o texto: meu próximo pode aparecer de forma inesperada e precisar da minha compaixão. Nisto está a beleza do cristianismo. O homem foi e sempre será o objeto maior do amor de Deus. Precisamos mostrar pelas nossas atitudes se Cristo vive em nós. Como disse Paulo, devemos demonstrar se estamos ou não crucificado com ele. Certamente, é mais fácil ser um bom médico do que um bom pai, ser um bom engenheiro do que um bom marido. Nem todos assimilam com precisão essas exigências propostas pelo cristianismo. 

O cristianismo ensina que a mesma proporção que eu me dedico para ser um bom médico, devo fazê-la para ser um bom pai, bom engenheiro e bom marido. 

Vejam o sacerdote e o levita que pregavam a ética e o amor ao próximo com suas leis rígidas, esqueceram que, acima de tudo isso, está o amor e a compaixão. O problema é que compaixão não surge em nossas discussões acaloradas, em que a oratória sobrepõe a razão. Compaixão é algo que vem de dentro do coração da alma piedosa que aprendeu com Cristo o que significa misericórdia. Não é discurso, não são palavras sem emoções verdadeiras. Misericórdia e compaixão, foi esse o tratamento que Jesus demonstrou ao jovem rico, foi a manifestação do pai na recepção do pródigo que voltava para o convívio da família depois dos maus tratos e sofrimento. Não haverá sacerdócio nem levirato verdadeiro sem esses dois atributos: compaixão e misericórdia. 

Segunda lição: o meu próximo sempre espera de mim uma resposta que satisfaça sua necessidade. Ao ver o homem caído, o samaritano parou e foi ao seu encontro, demonstrando não o título que carregamos, que legitima o que pregamos ou ensinamos em nossos púlpitos e igreja, mas sim aquilo que acontece no dia a dia a favor do meu próximo. 

Temos visto dezenas de pessoas com muita conversa bondosa, mas que não concretizam suas ações, desculpem, amados , mas conversa bonita sem ação não dá liga. Acredito que isso tem se tornado enfado aos ouvidos de Deus, precisamos mesmo é fazer algo. O meu próximo não vive só de teoria. Alguém dirá que as obras não salvam, o que é pertinente, mas são frutos da verdadeira fé. Observem o que diz Tiago (2: 14-17): meus irmãos, de que adianta alguém dizer que tem fé se ela não vier acompanhada de ações? Será que essa fé pode salvá-lo? 

Por exemplo, pode haver irmãos ou irmãs que precisam de roupa e que não têm nada para comer, se vocês não lhes dão o que eles precisam para viver, não adianta nada dizer: “Que Deus vos abençoe! Vistam agasalhos e comam bem”. Podemos ir à igreja, levar nossos dízimos e ofertarmos, cantarmos belos louvores, o que certamente alegrará o Senhor, mas quando chamados a socorrer alguém, devemos agir com alegria. 

Terceira lição: o meu próximo pode sofrer cada vez mais quando e me esquivo a ajudar e quando eu deixo aflorar o meu egoísmo. 

Na parábola contada por Jesus, se fosse hoje, nocautearia gente do alto escalão da igreja. O que temos de liderança mesquinha e avarenta em toda a esfera do cristianismo é impressionante, na prática contestam, mas estão fazendo uso daquele jargão famoso: ”faça o que eu mando, mas não o que faço”. Por essa razão, sem medo de errar, essa foi a maior lição que o texto nos ensina. 

O que existe de sacerdote e levita passando de longe e por longe dos necessitados é um absurdo. Tem gente que tem um slogan assim: “o que é meu é meu, é somente meu, solidariedade nem pensar.” 

Mas, como diz a palavra, Deus tem os seus remanescentes, por isso, obrigado Senhor, e bendito sejam os samaritanos que o Senhor tem deixado de plantão em nosso meio. Acho que já podemos responder à pergunta da parábola. O meu próximo é qualquer pessoa que precisar de mim em qualquer lugar, em qualquer circunstância. E não é preciso ser sacerdote, muito menos levita. Acho que já podemos agradecer repetindo o que dissemos há pouco: bendito sejam os samaritanos, que o Senhor tem usado para nos ensinar essa preciosa lição. Que Cristo trabalhe em nós, transformando o nosso coração, para servirmos com amor.

Por Manoel Lino Simão

Afinal, o que está errado com a teologia da prosperidade?

Apesar de até o presente só ter melhorado a vida dos seus pregadores e fracassado em fazer o mesmo com a vida dos seus seguidores, a teologia da prosperidade continua a influenciar as igrejas evangélicas no Brasil.



Uma das razões pela qual os evangélicos têm dificuldade em perceber o que está errado com a teologia da prosperidade é que ela é diferente das heresias clássicas, aquelas defendidas pelos mórmons e "testemunhas de Jeová" sobre a pessoa de Cristo, por exemplo. A teologia da prosperidade é um tipo diferente de erro teológico. Ela não nega diretamente nenhuma das verdades fundamentais do Cristianismo. A questão é de ênfase. O problema não é o que a teologia da prosperidade diz, e sim o que ela não diz.

- Ela está certa quando diz que Deus tem prazer em abençoar seus filhos com bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que qualquer bênção vinda de Deus é graça e não um direito que nós temos e que podemos revindicar ou exigir dele.

- Ela acerta quando diz que podemos pedir a Deus bênçãos materiais, mas erra quando deixa de dizer que Deus tem o direito de negá-las quando achar por bem, sem que isto seja por falta de fé ou fidelidade de nossa parte.

- Ela acerta quando diz que devemos sempre declarar e confessar de maneira positiva que Deus é bom, justo e poderoso para nos dar tudo o que precisamos, mas erra quando deixa de dizer que estas declarações positivas não têm poder algum em si mesmas para fazer com que Deus nos abençoe materialmente.

- Ela acerta quando diz que devemos dar o dízimo e ofertas, mas erra quando deixa de dizer que isto não obriga Deus a pagá-los de volta.

- Ela acerta quando diz que Deus faz milagres e multiplica o azeite da viúva, mas erra quando deixa de dizer que nem sempre Deus está disposto, em sua sabedoria insondável, a fazer milagres para atender nossas necessidades, e que na maioria das vezes ele quer nos abençoar materialmente através do nosso trabalho duro, honesto e constante.

- Ela acerta quando identifica os poderes malignos e demônicos por detrás da opressão humana, mas erra quando deixa de identificar outros fatores como a corrupção, a desonestidade, a ganância, a mentira e a injustiça, os quais se combatem, não com expulsão de demônios, mas com ações concretas no âmbito social, político e econômico.

- Ela acerta quando diz que Deus costuma recompensar a fidelidade mas erra quando deixa de dizer que por vezes Deus permite que os fiéis sofram muito aqui neste mundo.

- Ela está certa quando diz que podemos pedir e orar e buscar prosperidade, mas erra quando deixa de dizer que um não de Deus a estas orações não significa que Ele está irado conosco.

- Ela acerta quando cita textos da Bíblia que ensinam que Deus recompensa com bênçãos materiais aqueles que o amam, mas erra quando deixa de mostrar aquelas outras passagens que registram o sofrimento, pobreza, dor, prisão e angústia dos servos fiéis de Deus.

- Ela acerta quando destaca a importância e o poder da fé, mas erra quando deixa de dizer que o critério final para as respostas positivas de oração não é a fé do homem mas a vontade soberana de Deus.

- Ela acerta quando nos encoraja a buscar uma vida melhor, mas erra quando deixa de dizer que a pobreza não é sinal de infidelidade e nem a riqueza é sinal de aprovação da parte de Deus.

- Ela acerta quando nos encoraja a buscar a Deus, mas erra quando induz os crentes a buscá-lo em primeiro lugar por aquelas coisas que a Bíblia constantemente considera como secundárias, passageiras e provisórias, como bens materiais e saúde.

A teologia da prosperidade, à semelhança da teologia da libertação e do movimento de batalha espiritual, identifica um ponto biblicamente correto, abstrai-o do contexto maior das Escrituras e o utiliza como lente para reler toda a revelação, excluindo todas aquelas passagens que não se encaixam. Ao final, o que temos é uma religião tão diferente do Cristianismo bíblico que dificilmente poderia ser considerada como tal. Estou com saudades da época em que falso mestre era aquele que batia no portão da nossa casa para oferecer um exemplar do livro de Mórmon ou da Torre de Vigia...

Fonte: O Tempora! O Mores!

As 10 lições que o filme “Os Vingadores” podem ensinar à Igreja

Aproveitando o sucesso do filme “Os Vingadores”, o pastor Greg Stier, que trabalha com jovens e lidera o ministério de evangelismo “Ouse compartilhar”, escreveu um breve estudo para o The Christian Post com objetivo de causar reflexão sobre como o trabalho em conjunto pode levar a igreja a vencer sempre.

Nesse artigo ele passa dez lições tiradas do filme conseguindo encontrar ligações bíblicas para que os cristãos entendam a mensagem pensando em batalha espiritual. Por exemplo, o escudo do Capitão América (interpretado pelo ator Chris Evans) pode ser interpretado como escudo da fé descrito no livro de Efésios.
Mas não são apenas as armas desses super-herois que podemos ligar as mensangens da Bíblia, todos eles são chamados para a missão de salvar as pessoas. Stier então cita o versículo 27 de Filipenses 1 que diz para combatermos juntos com o mesmo ânimo pela fé do evangelho.
Com um orçamento estimado em US$ 300 milhões, o filme promoveu o encontro dos hérois dos quadrinhos Thor, Homem de Ferro, o Incrível Hulk e Capitão América . Ao quarteto de superpoderosos une-se uma dupla de agentes, a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro, sob o comando do chefe da S.H.I.E.L.D., a agência que procura proteger o mundo, Nick Fury.
O filme “Os Vingadores” entrou em cartaz no dia 27 de abril e em seus três primeiros dias arrecadou mais de US$ 200 milhões , a melhor estreia da história do cinema.


Confira as lições:

1. É difícil fazer com que eles lutem juntos, mas quando decidem fazê-lo, as pessoas são salvas (Filipenses 1:27).
2. Eles aprenderam a lidar bem com as diferenças (Gálatas 3:28).
3. Bruce Banner (Hulk) tem um grande “poder interior” que ele pode usar a qualquer momento (Efésios 6:10).
4. O Homem de Ferro tem uma armadura impenetrável e sabe como usá-la (Efésios 6:13).
5. O Capitão América tem um poderoso escudo e sabe como usá-lo (Efésios 6:15).
6. Thor empunha uma arma capaz de destruir o inimigo (Efésios 6:17).
7. Hulk não se curva diante de outros deuses [Thor, Loki] (Êxodo 20:3).
8. Eles não têm um plano de ataque. Eles só têm um plano… ATAQUE! (Tiago 1:22).
9. Seu líder tem cicatrizes (Isaías 53:3-6).
10. Eles estão unidos por um objetivo comum (Mateus 28:18-20).
 

Fonte: Extraído

Seja quem For, Seja Você!

É muito comum, em conversas pastorais, encontrar aqueles que se tornaram refém dos anseios e desejos de pessoas: pais, cônjuges, filhos, patrões, “amigos”. Eles afirmam que não possuem identidade, que se tornaram uma projeção de outros, um holograma material do que é imaterial e só existe como desejo reprimido, que acabaram encarnando um “personagem”, vivendo uma vida que não é deles, tudo com vistas a agradar aqueles que, sobre eles, alimentaram expectativas das mais variadas. Isso, creiam, provoca um sofrimento sem medida e um desgaste existencial sem precedentes...  
Neste contexto, encontro aquele que se casou com quem não gostava, aquela que exerce uma profissão para a qual não se sente habilitada, o que passou a assumir determinados pensamentos e comportamentos que lhes são estranhos, ou mesmo inaceitáveis, a outra que evita a polêmica, a exposição, o firmar posição, tudo em prol de jamais romper o “cordão umbilical emocional” que os torna, de certa forma, escravos psicológicos de outrem, uma vez que a consciência viciou-se em não ter sua própria “voz”. Desastrosamente, aqui temos algo que, por fim, estabelece um estado existencial em que a pessoa se torna prisioneira de um outro alguém em seu próprio ser! 
Analisando mais detalhadamente, percebi que muitas destas situações, não raro, estão associadas a questões econômicas, ao mundo competitivo em que nós vivemos, a essa sociedade movida pelo supérfluo, ao capitalismo que, segundo Bauman, estabeleceu a seguinte máxima: “consumo, logo existo”. Desta forma, em prol de manter vantagens e benesses, as pessoas acabam, às vezes sutilmente enganadas, se sujeitando ao imponderável.
É o filho que tem que assumir o próspero negócio da família, ainda que não tenha qualquer vocação para tal. É a moça que tem que agüentar situações constrangedoras e até assédio por causa do bom emprego que possui. É o cinquentão que tem de se submeter a situações vexatórias, pois, caso seja dispensado, não encontrará mais oportunidades no mercado. É o rapaz pobre, que se casou com a socialite rica, e, agora, tem de atender-lhe as demandas para poder manter privilégios. E por aí vai...
O resultado de tudo isto é o estabelecimento de uma sociedade movida a disfarces, a interesses, ao “jogo de empurra”, ao “toma lá, dá cá”, a cultura da vantagem, dos que vivem “em cima do muro”, do impessoal, do “politicamente correto”. Raramente vemos pessoas que se posicionam, que assumem riscos, que sejam firmes, que mantenham convicções e por elas estejam dispostas a ir as últimas conseqüências! Somos uma geração de homens e mulheres sem “palavra”, de caráter afrouxado, de valores relativizados, de comportamentos marionetizados. Sintetizando, como bem afirmou Groucho Marx: “esses são os meus princípios; se você não gostar deles, eu tenho outros...”. 
Quem é você? No que você acredita? Quais os disfarces que possui a sua face? Quantas pessoas existem dentro de você? São perguntas intrigantes, inquietantes. Respondê-las, inclusive, lhe expõe, faz com que seu pensamento seja conhecido, suas idéias venham à baila, sua opinião se torne pública. É perigoso demais! Para que fazer isto? Que vantagens algo desta natureza lhe trará?
Bem, reconheço que, de fato, você lucrará pouco ou quase nada se passar a fazer tais coisas ou, muito provavelmente, terá enormes problemas e dificuldades, mas, estou certo que, seja você quem for, é melhor que seja sempre você mesmo! No livro "Coragem para Mudar", utilizado no Al-Anon, encontramos “...jamais senti que pudesse ser eu mesmo perto das outras pessoas. Eu estava ocupado demais, tentando ser o que eu achava que os outros queriam que eu fosse, com medo de que eles não me aceitassem do jeito que eu era". Por isso, pense, não dói; fale, não é proibido; posicione-se, não é pecado!
Essa é justamente a questão que Jesus está tratando no texto abaixo:
Pois veio João Batista, que jejua e não bebe vinho, e vocês dizem: ‘Ele tem demônio’. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e vocês dizem: ‘Aí está um comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores.’”. Lc. 7:33-34. 

É certo que o Galileu nunca sofreu crise de identidade, não se dobrava aos interesses do Sinédrio, nem de Herodes, ou do Império Romano, nem de seu ninguém! Isso porque não tinha compromissos que lhe levassem para além de sua própria consciência e fé, estava disposto apenas a obedecer ao Pai, pois, até mesmo a Escritura se tornara relativa diante dEle uma vez que, Jesus, o Cristo, veio a se constituir a única chave hermenêutica através da qual a “letra” pode ganhar sentido e significado.
Essa passagem de Lucas nos trás uma situação corriqueira. Sua análise concentra-se no fato de que João Batista, que tinha voto de nazireu, ou seja, vivia como um ermitão, comia gafanhotos, mel silvestre, vestia-se de trapos, peregrinava pelo deserto, não era casado, não bebia vinho, orava, jejuava, pregava o arrependimento, mas, ainda assim, os religiosos diziam que ele tinha demônio! Ou seja, João, segundo Jesus, havia se tornado o maior de todos os homens nascidos de mulher, contudo, não era capaz de agradar àquela multidão.
Com o Nazareno, todavia, a questão era diferente! Comia, bebia, se alegrava, sentava com pecadores, ia à casa de publicanos, conversava com meretrizes, andava com samaritanos, curava em dia de Sábado, acolhia os enfermos, libertava os endemoninhados, quebrava as tradições, fazia tudo ao contrário de João, mas ainda assim era tido como subversivo, alguém andando na contra mão do “sistema”, um “rebelde” com causa, sendo condenado do mesmo jeito, porque o que as pessoas queriam era ver um boneco, um fantoche, um profeta de “brinquedo”. Mas Jesus “quebrou a banca!”. Boa!
O que sei é que quando você não é o que é, não há mais o que se possa ser! O que sei é que toda a sua vida se resume na busca de você tentar se encontrar com você mesmo, de “tornar-se aquilo que é”, e isso tem a ver com o propósito do que Deus planejou para que você experimentasse debaixo do sol, no solo árido da existência humana, pois, ou você é em Deus, ou você já se tornou não-ser, ou seja, algo que parece que é, mas que está longe de ser...   

Por Carlos Moreira