Em meio a tanta confusão nos arraiais evangélicos, muitos preferem
servir a Cristo em seus próprios lares, engrossando assim a fileira da
igreja que mais cresce no Brasil e no Mundo: a dos desigrejados. Seu
desapontamento com a igreja instituída fez com que agissem como Elias, o
profeta solitário que cansou-se de nadar contra maré de corrupção que
abatera sobre Israel, planejando terminar seus dias confinado numa
caverna. O que ele não sabia é que Deus havia preservado sete mil pares
de joelhos que não haviam se dobrado a Baal.
Basta visitar alguns dos milhares de blogs que povoam a blogosfera
cristã para certificar-se de que ainda há esperança. A blogosfera
transformou-se numa enorme congregação virtual. Gente oriunda de todos
os setores da igreja cristã tem a liberdade de expor seu
descontentamento com o rumo que a igreja tem tomado.
Como pastor, preocupo-me com aqueles que simplesmente desistiram de congregar e se alimentam unicamente do que é postado em nossos blogs. Precisamos muito mais do que isso. Precisamos construir relacionamentos sólidos, submeter-nos a uma liderança madura e respaldada na Palavra, encaminhar nossos filhos a um ambiente saudável, sentir-nos pertencentes a uma família espiritual, e mesmo, contribuir financeiramente com projetos que visem a glória de Deus e o bem-comum.
Daí surgem algumas questões pertinentes:
Poderíamos congregar numa igreja que não fôssemos capazes de recomendar a outros? Sentir-nos-íamos constrangidos e desconfortáveis em trazer nossos amigos e parentes a um culto?
Que tipo de igreja proveria um ambiente seguro e saudável para os nossos filhos?
Que igreja poderia ajudar-nos na formação do caráter deles sem
intrometer-se em assuntos domésticos e particulares, e sem expor nossa
autoridade como pais? Há igrejas onde o pastor se vê no direito de
estabelecer regras nos lares de seus congregados. Filhos crescem sem
saber se devem honrar a seus pais ou obedecer cegamente a seus líderes
espirituais. Imagine um pastor que exija ser chamado de “pai”, ou ser
tratado como tal. Ou ainda: o desconforto de um pai cuja autoridade é
rivalizada pela autoridade pastoral.
A que tipo de liderança deveríamos nos submeter? Um pastor que
não é respaldado por sua própria família (pais, irmãos, filhos, esposa,
etc.), estaria apto a mentorear outras famílias? E quando todos percebem
que entre ele e a esposa não há amor? Você se submeteria a um pastor
cujo casamento não passasse de um embuste? Que tipo de tratamento ele dá
aos filhos? A famíla pastoral deve ser referência. Não digo que deva
ser perfeita, mas pelo menos saudável.
Seria sábio submeter-nos a uma liderança susceptível a todo tipo
de modismo doutrinário? Hoje prega uma coisa, amanhã prega outra
totalmente difirente? Seria correto submeter-nos a uma liderança
emocionalmente desequilibrada? Como nossos pastores reagem ante a uma
crise? Como reagem quando são elogiados? E quando são criticados?
Costumam trazer problemas de casa para o púlpito, ou vice-versa? Gostam
de apelar ao emocionalismo? Gostam de tornar as pessoas dependentes
deles?
Seria sábio submeter-nos a uma liderança antiética? Quem
suporta um pastor que só sabe falar mal dos que o antecederam? Você se
submeteria a um pastor que sequer sabe ser grato a quem o instituiu? E
mais: com quem ele anda? Quem são seus amigos? Quem freqüenta sua casa?
Não me refiro a amizade com pessoas não cristãs, e sim a amizade com
falsos cristãos, lobos infiltrados no meio do rebanho para causar-lhe
dano.
Como acolhem as pessoas que chegam a igreja? Dão o mesmo
tratamento independente da posição social? Desprezam os veteranos para
dar maior atenção aos novatos? Como são tratados os anciãos? Lembre-se
que um dia você será um.
E quanto às contribuições? Seria sábio contribuir numa igreja
onde a liderança é pródiga? É correto o pastor fazer compromissos
maiores do que os que a igreja possa arcar e depois escapelar os irmãos
na hora das ofertas? Como as ofertas são pedidas? Há muita apelação,
manipulação e pressão psicológica? E como elas são administradas? A quem
o pastor presta contas? Há uma instância acima dele? O que entra na
igreja é usado exclusivamente ali ou parte é destinada a trabalhos
missionários? Há projetos sociais relevantes? Que resultado esses
projetos têm alcançado?
É correto usar o dinheiro da igreja para pagar cachês a cantores e bandas convidadas?
E se o pastor eventualmente cometer um deslize grave, como adultério ou roubo, quem poderá admoestá-lo, ou mesmo puni-lo?
Como a igreja lida com questões políticas? É certo a liderança
apontar em quem os membros devem votar? É correto levar candidatos para o
púlpito e ceder-lhes a palavra? Há algum trabalho de conscientização
para que as pessoas exerçam sua cidadania cabalmente, sem interferência?
Quais os critérios usados pelo pastor para ceder seu púlpito a outro pregador?
Olhe para as pessoas à sua volta, principalmente para as que
chegaram antes de você e pergunte-se: Elas são hoje pessoas melhores do
que eram anos atrás? As pessoas que congregam ali estão amadurecendo na
fé? Lembre-se: elas podem ser você amanhã.
E quanto ao culto? Percebe-se a presença de Deus naquele lugar? Há reverência ou simplesmente oba-oba?
As pessoas que freqüentam estão realmente interessadas na Palavra ou só
aparecem quando há algum evento ou convidado especial?
Essas são apenas algumas questões que precisam ser consideradas.
Se você tiver alguma outra questão igualmente relevante, por favor,
poste em seu comentário.
O que não podemos é desistir da igreja de Cristo, seja reunida de
maneira formal ou informal. Não basta criticar, urge encontrarmos saída
para resgatá-la deste estado calamitoso em que chegou.
Por Hermes C. Fernandes
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