sábado, 25 de agosto de 2012

Carta Aberta aos Grupos de Louvor


Querido Grupo de Louvor,

Eu aprecio muito a sua disponibilidade e desejo de oferecer seus dons a Deus em adoração. Aprecio sua devoção e celebro sua fidelidade — arrastando-se para a igreja cedo, domingo após domingo, separando tempo para ensaiar durante a semana, aprendendo e escrevendo novas canções, e tantas coisas mais. Assim como aqueles artistas e artesãos que Deus usou para criar o tabernáculo (Êxodo 36), vocês são dispostos a dispor seus dons artísticos a serviço do Deus Triuno.

Portanto, por favor, recebam esta pequena carta no espírito que ela carrega: como um encorajamento a refletir sobre a prática de “conduzir a adoração”. A mim parece que vocês frequentemente simplesmente optaram por uma prática sem serem encorajados a refletir em sua lógica, sua “razão de ser”. Em outras palavras, a mim parece que vocês são frequentemente recrutados a “conduzir a adoração” sem muita oportunidade de parar e refletir na natureza da “adoração” e o que significaria “conduzir”.

Especificamente, minha preocupação é que nós, a igreja, tenhamos involuntariamente encorajado vocês a simplesmente importar práticas musicais para a adoração cristã que — ainda que elas possam ser apropriadas em outro lugar — sejam prejudiciais à adoração congregacional. Mais enfaticamente, usando a linguagem que eu empreguei primeiramente em Desiring the Kingdom¹, às vezes me preocupo de que tenhamos involuntariamente encorajado vocês a importar certas formas de execução que são, efetivamente, “liturgias seculares” e não apenas “métodos” neutros. Sem perceber, as práticas dominantes de execução nos treinam a relacionar com a música (e os músicos) de certa maneira: como algo para o nosso prazer, como entretenimento, como uma experiência predominantemente passiva. A função e o objetivo da música nestas “liturgias seculares” é bem diferente da função e o objetivo da música na adoração cristã.

Então deixe-me oferecer apenas alguns breves conceitos com a esperança de encorajar uma nova reflexão na prática da “condução da adoração”:

1. Se nós, a congregação, não conseguimos ouvir a nós mesmos, não é adoração. A adoração cristã não é um concerto. Em um concerto (uma particular “forma de execução”), nós frequentemente esperamos ser sobrepujados pelo som, particularmente em certos estilos de música. Em um concerto, nós acabamos esperando aquele estranho tipo de privação dos sentidos que acontece com a sobrecarga sensorial, quando o golpe do grave em nosso peito e o fluir da música sobre a multidão nos deixa com a sensação de uma certa vertigem auditiva. E não há nada de errado com concertos! Só que a adoração cristã não é um concerto. A adoração cristã é uma prática coletiva, pública e congregacional — e o som e a harmonia reunidos de uma congregação cantando em uníssono é essencial à prática da adoração. É uma maneira “desempenhar” a realidade de que, em Cristo, nós somos um corpo. Mas isso requer que nós na verdade sejamos capazes de ouvir a nós mesmos, e ouvir nossas irmãs e irmãos cantando ao nosso lado. Quando o som ampliado do grupo de louvor sobrepuja às vozes congregacionais, não podemos ouvir a nós mesmos cantando — então perdemos aquele aspecto de comunhão da congregação e somos encorajados a efetivamente nos tornarmos adoradores “privados” e passivos.

2. Se nós, a congregação, não podemos cantar juntos, não é adoração. Em outras formas de execução musical, os músicos e as bandas irão querer improvisar e “serem criativos”, oferecendo novas execuções e exibindo sua virtuosidade com todo tipo de diferentes trills e pausas e improvisações na melodia recebida. Novamente, isso pode ser um aspecto prazeroso de um concerto, mas na adoração cristã isso significa apenas que nós, a congregação, não conseguimos cantar junto. Então sua virtuosidade desperta nossa passividade; sua criatividade simplesmente encoraja nosso silêncio. E enquanto vocês possam estar adorando com sua criatividade, a mesma criatividade na verdade desliga a canção congregacional.

3. Se vocês, o grupo de louvor, são o centro da atenção, não é adoração. Eu sei que geralmente não é sua culpa que os tenhamos colocado na frente da igreja. E eu sei que vocês querem modelar a adoração para que nós imitemos. Mas por termos encorajado vocês a basicamente importar formas de execução do local do concerto para o santuário, podemos não perceber que também involuntariamente encorajamos a sensação de que vocês são o centro das atenções. E quando sua performance se torna uma exibição de sua virtuosidade — mesmo com as melhores das intenções — é difícil opor-se à tentação de fazer do grupo de louvor o foco de nossa atenção. Quando o grupo de louvor executa longos riffs, ainda que sua intenção seja “ofertá-los a Deus”, nós na congregação nos tornamos completamente passivos, e por termos adotado o hábito de relacionar a música com os Grammys e o local de concerto, nós involuntariamente fazemos de vocês o centro das atenções. Me pergunto se há alguma ligação intencional na localização (ao lado? conduzir de trás?) e na execução que possa nos ajudar a opor-nos contra estes hábitos que trazemos conosco para a adoração.

Por favor, considerem estes pontos com atenção e reconheçam o que eu não estou dizendo. Este não é apenas algum apelo pela adoração “tradicional” e uma crítica à adoração “contemporânea”. Não pense que isto é uma defesa aos órgãos de tubos e uma crítica às guitarras e baterias (ou banjos e bandolins). Minha preocupação não é com o estilo, mas com a forma: O que estamos tentando fazer quando “conduzimos a adoração?” Se temos a intenção que a adoração seja uma prática congregacional de comunhão que nos traz a um encontro dialógico com o Deus vivo — em que a adoração não seja meramente expressiva, mas também formativa² — então podemos fazer isso com violoncelos, guitarras, órgãos de tubos ou tambores africanos.

Muito, muito mais poderia ser dito. Mas deixe-me parar por aqui, e por favor receba esta carta como o encorajamento que ela foi feita para ser. Eu adoraria vê-los continuar a oferecer seus dons artísticos ao Deus Triuno que está nos ensinando uma nova canção.
Sinceramente,
Jamie
________________
Notas:
¹Desiring the Kingdom – Worship, Worldview, and Cultural Formation (Desejando o Reino – Adoração, Cosmovisão e Formação Cultural) [N. do T.]
² De acordo com o The Colossian Forum, a despeito de a adoração ser encarada hoje em dia apenas como algo que se vai em direção a Deus (expressão), ao longo da história ela sempre foi encarada também como a causadora de algo em nós (formação). “A adoração cristã é também uma prática formativa justamente porque a adoração também é um encontro ‘descendente’ no qual Deus é o atuante primário” (Fonte: http://www.colossianforum.org/2011/11/09/glossary-worship-expression-and-formation/). [N. do T.]

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

O pecado é uma doença mortal.

Jesus concluiu sua obra na cruz. Triunfou sobre o diabo e suas hostes e levou sobre si os nossos pecados. Agora, comissiona sua igreja a levar essa mensagem ao mundo inteiro. O projeto de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, a toda criatura, em todo o mundo. Três verdades devem ser destacadas sobre a evangelização.

1. A evangelização é ordem de Deus. O mesmo Deus que nos alcançou com a salvação, comissiona-nos a proclamar a salvação pela graça mediante a fé em Cristo. Todo alcançado é um enviado. Deus nos salvou do mundo e nos envia de volta ao mundo, como embaixadores do seu reino. Jesus disse para seus discípulos que assim como o Pai o havia enviado, também os enviava ao mundo. Isso fala tanto de estratégia como de ação. Jesus não trovejou do céu palavras de salvação; ele desceu até nós. A Palavra se fez carne; o Verbo de Deus vestiu pele humana. A evangelização não é uma tarefa centrípeta, para dentro; mas centrífuga, para fora. Não são os pecadores que vêm à igreja, mas é a igreja que vai aos pecadores. Deus tirou a igreja do mundo (no sentido ético) e a enviou de volta ao mundo (no sentido geográfico). Não podemos nos esconder, confortavelmente, dentro dos nossos templos. Precisamos sair e ir lá fora, onde os pecadores estão. Jesus, antes de voltar ao céu e derramar seu Espírito, deu a grande comissão aos seus discípulos. Essa grande comissão está registrada nos quatro evangelhos e também no livro de Atos. Não evangelizar é um pecado de negligência e omissão. Na verdade, é uma conspiração contra uma ordem expressa de Deus.

2. A evangelização é tarefa da igreja. Nenhuma outra entidade na terra tem competência e autoridade para evangelizar, exceto a igreja. A igreja é o método de Deus. Não podemos nos calar nem nos omitir. Se o ímpio morrer na sua impiedade, sem ouvir o evangelho, Deus vai requer de nós, o sangue desse ímpio. Em 1963, quando John Kennedy foi assassinado em Dalas, no Texas, em doze horas, a metade do mundo ficou sabendo de sua morte. Jesus Cristo, o Filho de Deus, morreu na cruz, pelos nossos pecados, há dois mil anos e, ainda, quase a metade do mundo, não sabe dessa boa notícia. O que nos falta não é comissionamento, mas obediência. O que nos falta não é conhecimento, mas paixão. O que nos falta não é método, mas disposição. Encontramos o Messias, e não temos anunciado isso às outras pessoas. Encontramos o Caminho e não temos avisado isso aos perdidos. Encontramos o Salvador e não proclamamos isso aos pecadores. Encontramos a vida eterna e não temos espalhado essa maior notícia aos que estão mortos em seus delitos e pecados. Precisamos erguer nossos olhos e ver os campos brancos para a ceifa. Precisamos ter visão, paixão e compromisso. Precisamos investir recursos, talentos e a nossa própria vida nessa causa de consequências eternas.

3. A evangelização é uma necessidade do mundo. O evangelho de Cristo é o único remédio para a doença do homem. O pecado é uma doença mortal. O pecado é pior do que a pobreza. É mais grave do que o sofrimento. É mais dramático do que a própria morte. Esses males todos, embora sejam tão devastadores, não podem afastar o homem de Deus. Mas, o pecado afasta o homem de Deus no tempo, na história e na eternidade. Não há esperança para o mundo fora do evangelho. Não há salvação para o homem fora de Jesus. As religiões se multiplicam, mas a religião não pode levar o homem a Deus. As filosofias humanas discutem as questões da vida, mas não têm respostas que satisfazem a alma. As psicologias humanas levam o homem à introspecção, mas nas recâmaras da alma humana não há uma fresta de luz para a eternidade. O mundo precisa de Cristo; precisa do evangelho. Chegou a hora da igreja se levantar, no poder do Espírito Santo e proclamar que Cristo é o Pão do céu para os famintos, a Água viva para os sedentos e a verdadeira Paz para os aflitos. Jesus é o Salvador do mundo!
 
Por Hernandes Dias Lopes

Você “adicionaria” o apóstolo Paulo em seu Facebook?

Precisamos de mais gente como Onesíforo na igreja de hoje. Ele é um desses personages bíblicos que são facilmente esquecidos por causa de nossa tendência a focar nos “gigantes” das Escrituras (por exemplo, Abraão, Moisés, Davi, Pedro, Paulo, etc).

Considere, por exemplo, o que aprendemos sobre Onesíforo em 2 Timóteo 1:15-18: Estás ciente de que todos os da Ásia me abandonaram; dentre eles cito Fígelo e Hermógenes. Conceda o Senhor misericórdia à casa de Onesíforo, porque, muitas vezes, me deu ânimo e nunca se envergonhou das minhas algemas; antes, tendo ele chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar. O Senhor lhe conceda, naquele Dia, achar misericórdia da parte do Senhor. E tu sabes, melhor do que eu, quantos serviços me prestou ele em Éfeso.

Três coisas sobre Onesíforo se destacam:

1. Quando todos os outros abandonaram Paulo, Onesíforo foi até ele. Onesíforo não era um daqueles que simplesmente “vão junto com a multidão”. Ele se arriscou ao ridículo, à zombaria e ao desprezo para realmente ir contra a corrente predominante da opinião popular sobre Paulo.

2. Onesíforo perseverou frente às dificuldades. Tantos de nós têm um grande idealismo – até que as coisas fiquem difíceis. Então, viramos as costas. Onesíforo não. Quando ele chegou em Roma e não conseguiu encontrar Paulo, o apóstolo fala da perseverança de Onesíforo: ” tendo ele chegado a Roma, me procurou solicitamente até me encontrar. Lindo.

3. Onesíforo se orgulhava de Paulo. Isso é muito maior do que simplesmente dizer “Onesíforo me deu ânimo”. Se Paulo só dissesse isso, poderíamos imaginar Onesíforo fazendo-o silenciosamente – talvez à noite quando ninguém pudesse ver. Teria Onesíforo entrado sorrateiramente na cela de Paulo quando ninguém estava olhando porque ele tinha vergonha de sua associação com Paulo? Não este amigo. Paulo, talvez com lágrimas, escreveu que Onesíforo “nunca se envergonhou das minhas algemas”. Onesíforo não ligava se as pessoas fofocavam ou murmuravam – ele estava orgulhoso da determinação de Paulo a sofrer por amor de Cristo.

O que capacitou Onesíforo a agir desta forma? O que faz alguém ser tão contra-cultural? Eu só posso concluir que Onesíforo estava tão consumido por seu amor por Jesus que ele agora era livre da aprovação das pessoas; livre do medo de desprezo; livre do fascínio do mundo; livre da indiferença. Onesíforo, pelo poder do Evangelho, era livre para amar.

O que eu vejo em Onesíforo é a incorporação de Gálatas 5:6, a saber, “a fé que atua pelo amor”. A fé que havia em Onesíforo tinha um impulso – e este impulso era o amor. E este amor não era fraco ou medroso ou egoísta de forma alguma.

Que Deus me ajude a amar assim.

Por Mike Pohlman

A Parábola do Rico e do Mendigo

"Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos." (Lc 16:25)
A parábola do rico e do mendigo, já foi, e continua sendo, objeto de muitos comentários, ao longo do tempo. Os que acreditam na imortalidade já interpretaram essa parábola como se favorecesse a idéia de retribuição imediata para aqueles que morrem. Outros, com base na mesma parábola, admitem a possibilidade de diálogo entre pessoas que já morreram, como se isso fosse possível. A parábola aqui descrita envolve dois personagens, um rico e outro pobre, e a ênfase, no ensinamento de Jesus, através dela, é dada ao contraste entre a riqueza de um e à pobreza do outro, assim como à sorte final de cada um, ao morrer (Cf. Lc 16:19-31). Qual o verdadeiro propósito de Jesus ao proferir esta parábola? Precisamos não perder de vista o fato de que as parábolas têm caráter simbólico. Normalmente, dizem uma coisa para significar outra.

O relato da parábola começa assim: “Ora, havia um homem rico (...). Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro” (Lc 16:19-20). Ao mencionar esses dois personagens, Jesus enfatiza o contraste existente nas condições sociais de ambos, pois são extremamente opostas. Um deles era rico, e o outro, pobre. O rico vestia-se de púrpura e de linho finíssimo e todos os dias regalava-se esplendidamente. A situação do pobre, que era também doente, era oposta à do rico: ele mendigava à porta deste, desejando alimentar-se das migalhas que caíam da mesa do rico, enquanto os cães lhe lambiam as chagas (Lc 16:21). Antes de abordar o propósito principal desse ensinamento, julgamos oportuno tecer algumas considerações gerais em torno desses personagens mencionados na parábola. O rico e o pobre são figuras representativas. O rico representa os judeus e o pobre, os gentios. A afirmação de que o rico representa os judeus está fortalecida no tratamento que ele dá a Abraão, chamando-o de pai, por nada menos que três vezes no texto (vv. 24,27,30). O próprio Abraão também o reconhece como filho (v. 25). Como a riqueza e a pobreza nem sempre são formadas por valores materiais, a riqueza do rico pode significar apenas a condição religiosa privilegiada dos judeus, comparada à dos outros povos (Rm 9:4-5), assim como a pobreza do pobre pode significar a condição de distanciamento de Deus, como viviam os gentios, do ponto de vista dos judeus (Ef 2:11-12).

Em razão da diferença de condições entre essas duas pessoas e da ênfase que lhe é dada por Jesus, é de se supor que, na riqueza de um e na pobreza de outro, resida o aspecto mais importante e mais significativo a ser considerado nessa parábola. No texto, não há indicações sobre se o rico foi punido apenas por ter sido rico e se o pobre foi premiado apenas por ter sido pobre. O que o texto efetivamente diz é que, em vida, viveram realidades sociais e financeiras diferentes e que, depois da morte, a situação de cada um deles foi invertida. Cada um teve o seu tempo de glória: o rico, antes da morte; o pobre, depois dela. Nisto ficou manifesta a justiça de Deus. O texto procura enfatizar, principalmente, a vez dos gentios, representados pelo “pobre”, a respeito dos quais está escrito:
“Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto. Porque ele é a nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e derribando a parede de separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos, que consistiam em ordenanças, para criar em si mesmo um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com Deus em um corpo, matando com ela as inimizades”. (Ef 2:13-16)

“Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus. E se sois de Cristo, então sois descendência de Abraão, e herdeiros conforme a promessa”. (Gl 3:26-29)
Os personagens morrem e, ao morrerem, o pobre é conduzido ao seio de Abraão, enquanto o rico é levado para a sepultura. Achando-se em tormento, o rico, erguendo os olhos, “viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio e, clamando, diz: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nessa chama.” A este pedido, Abraão responde: “Filho, lembra-te de que recebestes os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado.” Na declaração feita por Abraão, depreende-se que havia chegado a vez do pobre que, ao contrário da situação antes ostentada pelo rico, vivera na mais absoluta pobreza.

Não podemos deixar de reconhecer, também, um outro ensinamento de Cristo contido nessa parábola: A advertência aos seus ouvintes a viverem a vida presente certos de que, um dia, terão de prestar contas dela. A vida futura vai depender da escolha que o indivíduo fizer, enquanto vive a vida presente; e isto independentemente de ser rico ou pobre, judeu, grego, ou de qualquer outra nacionalidade. A advertência é feita, principalmente, àqueles que levam uma vida de extravagância, acumulando riquezas e bens, sem pensarem nas demais pessoas. A riqueza não é má, desde que seja bem administrada. Portanto, ninguém deixará de ser salvo por ser rico, assim como também ninguém se salvará por ser pobre. A retribuição de Deus independe dessas condições, mas o pobre crente tem de Deus a promessa de um dia ser feliz.

A VERDADE DA PARÁBOLA

Através dessa parábola, Jesus queria mostrar aos judeus que o simples fato de serem descendentes de Abraão não lhes garantia o acesso à bem aventurança eterna. Só por Jesus Cristo esse direito pode ser assegurado. Jesus os chamou à atenção também para o fato de que chegara aos gentios a oportunidade de se converterem e serem salvos pela fé em Jesus Cristo (Ef 3:1-6). Agora, a perspectiva para os judeus que rejeitaram a Cristo era a expressa no evangelho:
“Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus; e os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores: Ali haverá pranto e ranger de dentes.” (Lc 8:11-12)
Quando isso acontecer, no dizer de Cristo, “derradeiros há que serão os primeiros; e primeiros há que serão os derradeiros” (Lc 13:29).

Como já foi dito anteriormente, os judeus desfrutavam de uma posição altamente privilegiada no cenário religioso mundial, começando por serem depositários dos oráculos divinos. Paulo, que também era judeu, afirma:
“deles é a adoção de filhos, e a glória, e os concertos, e a lei, e o culto e as promessas; dos quais são os pais, e dos quais é Cristo segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém.” (Rm 9:4-5)
Em outra parte, o mesmo Paulo afirma: “Qual é logo a vantagem do judeu? Ou qual a utilidade da circuncisão? Muita, em toda a maneira, porque, primeiramente, as palavras de Deus lhe foram confiadas.” (Rm 3:1-2). Tudo isso era para eles uma grande riqueza. O próprio Jesus reconheceu o grande privilégio que tinham, ao afirmar que “a salvação vem dos judeus” (Jo 4:22).

Os judeus formavam um povo diferente de todos os demais povos. Suas leis, seus costumes e suas tradições acabaram por fazer deles um povo diferente. Porém, muitos se prevaleceram dessa condição privilegiada e foram levados a discriminar os outros povos, criando, contra eles, um grande preconceito. Nos dias de Cristo, por exemplo, reinava, entre os judeus, um forte sentimento nacionalista. O fato de serem, biologicamente, descendentes de Abraão, era entendido por eles como uma espécie de reserva de domínio sobre as bênçãos de Deus. Assim pensando, consideravam todos os outros povos como “separados da comunidade de Israel, e estranhos aos concertos da promessa, não tendo esperança e sem Deus no mundo” (Ef 2:12).

Mas Deus planejava pôr fim a esse tipo de separação. De acordo com o concerto que fez com Abraão, era propósito seu abençoar todas as famílias da terra:
“E far-te-ei uma grande nação, e abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu serás uma bênção. E abençoarei os que te abençoarem, e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gn 12:2-3)
Cumprindo-se o tempo determinado por Deus, essa antiga promessa feita a Abraão deveria cumprir-se em toda a sua plenitude. Portanto, ao enviar seu Filho ao mundo, Deus fez dele o instrumento de conciliação, capaz de unir todos os homens entre si, fazendo deles um só povo (Ef 2:13-18).

1. Precisamos fazer distinção entre o literal e o alegórico - Com base no diálogo aqui descrito entre o rico e Abraão, muitas pessoas, esquecendo-se de que as parábolas têm sentido figurado, acreditam na possibilidade de comunicação entre os mortos, e entre os mortos e os vivos. A propósito disto, o que as Escrituras dizem é o seguinte: “... os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma” (Ec 9:5-6). Se tanto o rico quanto o próprio Abraão já tinham morrido, quando a parábola foi proferida, como seria possível conversarem entre si, considerando-se que os mortos não falam? Às pessoas que pensam assim, lembramos que, nos poucos casos em que a Escritura menciona pessoas mortas falando, como nos textos de Hb 11:4 e Ap 6:9-10, a linguagem usada é simbólica. Para entendermos certos textos da Escritura é importante que saibamos fazer distinção entre o que é literal e o que é alegórico (Gl 4:22-31). No diálogo contido na parábola, Abraão não desconhece a condição de pai, em relação ao rico, pois o chama de filho. Essa é mais uma prova de que o rico representava os judeus.

2. Precisamos quebrar a barreira da discriminação - Na conversa com a mulher samaritana, junto ao poço de Jacó, Jesus deixou claro que Deus não reconhece as barreiras sociais que separam as pessoas (Jo 4:23-24), e que, em seu plano redentor, incluiu a todos, sem qualquer distinção. É preciso reconhecer isso. Foi essa a revelação dada a Pedro, na visão do lençol, pois, justificando a atitude que demonstrara ao entrar na casa de um gentio, comer com ele e pousar em sua casa, Pedro declarou:
“Vós bem sabeis que não é lícito a um varão judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum e imundo. Reconheço por verdade que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, o teme e obra o que é justo.” (At 10:28,34-35).
A conversão de Cornélio e a conseqüente inserção do evangelho no mundo gentio, pôs fim ao período de graça para os judeus como povo privilegiado. Agora era a vez dos gentios.

3. Precisamos acatar o propósito divino, mesmo que ele nos contrarie - Deve ter sido muito difícil para os judeus dos dias de Cristo aceitarem a idéia de que, um dia, os gentios, como eles, desfrutariam os mesmos benefícios espirituais que, antes, eram exclusivamente seus. Mas foi essa a missão de Cristo, ao vir a este mundo. Aqui, ele cumpriu o propósito divino e a bênção de Abraão já pode ser estendida a todas as famílias da terra (Gl 3:8; Ef 2:13). Era de se esperar que a forma como Deus executou essa sua decisão causasse nos judeus um grande impacto, uma vez que estavam arraigados em seu preconceito. Daí a razão pela qual Jesus usou as parábolas (Lc 20:9 18) e até visões (At 10:1-14), para convencê-los dessa nova realidade. A parábola do rico e Lázaro, com certeza, contribuiu muito para que refletíssemos seriamente sobre essa questão. A lição que tiramos deste ensinamento é a seguinte: Precisamos acatar o propósito de Deus em nossas vidas, mesmo que a maneira como o executa nos contrarie.

CONCLUSÃO:

Cumpre-nos reafirmar a idéia de que a parábola do rico e do pobre teve como objetivo, em primeiro lugar, combater a discriminação com que muitos judeus tratavam os não judeus. Foi como se João Batista repetisse, através de Jesus, o que dissera no início de seu ministério:
“Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento; e não presumais, de vós mesmos, dizendo: Temos por pai a Abraão; porque eu vos digo que mesmo destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.” (Mt 3:8-9)
Embora, na parábola do rico e do pobre, o resultado final tenha sido favorável ao pobre, isso não significa, de modo algum, que a riqueza, em si mesma, seja condenada perante Deus. As Escrituras Sagradas não condenam a riqueza. O que ela ensina é o seguinte:
“Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos; que façam bem, enriqueçam em boas obras, e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna.” (II Tm 6:17 19)
Por Valdeci Nunes De Oliveira

domingo, 12 de agosto de 2012

OS PAIS AMAM

Ultimamente temos recebido notícias ruins sobre pais que maltratam seus filhos e até de uns que chegam a matá-los. De outros, temos sabido que induzem seus filhos ao uso de drogas ou deles abusam sexualmente. Porém, isto não quebra nossa confiança nos pais, pois sabemos que essas notícias são uma exceção. A imensa maioria dos pais ama os filhos e jamais faz mal a eles.

Os pais amam seus filhos porque cuidam deles. Diariamente se lançam numa verdadeira batalha para trabalhar e trazer para casa os recursos necessários para abrigar, alimentar, vestir, calçar, pagar as despesas com educação, saúde, lazer; e ainda com os presentes de aniversário, de Natal, etc. Filhos agradecidos reconhecem a luta de seus pais para sustentá-los. 

Os pais amam seus filhos porque os ensinam a viver. Este é um tipo de ensino que não está disponível na escola. Ao longo da sua caminhada os pais tiveram vitórias e derrotas, sucessos e fracassos, e procuram passar a seus filhos as lições que tiraram dessas experiências. Filhos sábios percebem quanta sabedoria há nesses ensinos e os aproveitam.

Os pais amam seus filhos porque os disciplinam. Eles sabem que é necessário corrigir, orientar e punir, quando necessário, os filhos, pois infelizmente a natureza humana é propensa ao erro e as oportunidades para fazer o mal parecem se multiplicar a cada dia. E pais que amam de verdade, desejam ver seus filhos no caminho do bem. Os bons filhos reconhecem que seus pais têm o direito de discipliná-los e aceitam a disciplina.   

Os pais amam seus filhos porque os perdoam. E na maioria das vezes perdoam de antemão, antes mesmo que seus filhos reconheçam seus erros e se desculpem. Uma das grandezas da paternidade é saber relevar, saber desculpar, saber entender e ajudar os filhos a consertar o que está errado ou aquilo em que falta sabedoria. Filhos humildes e conscientes reconhecem a compreensão e a paciência dos pais, e evitam abusar deles.

A Palavra de Deus ordena: “Honra teu pai e tua mãe - este é o primeiro mandamento com promessa - para que tudo te corra bem e tenhas longa vida sobre a terra.” (Ef.6:2,3). Honrar o pai é reconhecer o quanto ele tem lutado, é valorizar seu ensino e seu exemplo, é deixar-se aperfeiçoar por sua disciplina, é ser grato pela sua paciência. Mas é, também, agradecer a Deus por sua vida, e prestar-lhe a homenagem devida enquanto ele pode ouvi-la e presenciá-la.           

Pr. Sylvio Macri

sábado, 11 de agosto de 2012

Ser Pai

Aprendi com meu filho que ser pai é ganhar a possibilidade de finalmente, conquistar um grande amigo. E é muito bom ser amigo de seu filho. Descobri na prática, que é ter de tomar decisões difíceis que vão desde uma vacina até um “não” ou pior: “Sim, não queria, tenho medo, quero você perto, mas sei que é o certo”. Ser pai é receber um presente todos os dias quando se chega cansado em casa e ouve-se uma voz destreinada e infantil gritar: “babai!!!!” Enquanto um “serzinho” pequenino corre cambaleando em sua direção para lhe abraçar. 

Talvez seu filho já tenha crescido, mas duvido que você tenha que fazer um grande esforço para lembrar-se disso. Ser pai é ter o coração doído todas as vezes que se tem de viajar e ouvir esse mesmo pequenino gritar um “babai” mais choroso e triste. 

Ser pai é ser referência de vida para alguém que está, sem exagero algum, 24 horas analisando o que você faz ou não. Para amanhã ou depois, repetir tudo. Tudo mesmo! Seus acertos e seus erros. É descobrir a responsabilidade de cuidar de uma nova vida. Mostrar-lhe o caminho e torcer para que o filho não cometa os nossos erros. É saber que ele, inevitavelmente vai sujar ou arranhar o seu carro e você aprenderá que pode até ser “apaixonado por carro como todo brasileiro”, mas que ama infinitamente mais o seu filho como todo pai que se espelha no PAI ETERNO. E tal como Ele, corrige os filhos que ama. É também e talvez um dia se deparar com um dilema (um precioso dilema) de ter que, novamente a exemplo do PAI, enviar seu filho como missionário para levar salvação a gente que O PAI ama.

Ser pai é por vezes dizer para si mesmo “Ufa! Que responsabilidade!” Mas, o que se poderia esperar de uma herança tão grandiosa como a do Grande Pai. É a Bíblia quem diz que “os filhos são herança do SENHOR...” Salmo 127.3. 

Agradeça sempre por essa dádiva de ser pai. Abençoe seus filhos com palavras benditas e profetize coisas boas a respeito dele ou dela. E prepare-se para ser um pai orgulhoso de seus filhos! Deus te abençoe!

Por:Jader Medeiros

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Simplicidade em tudo

Foi lendo John Stott que passei a perceber o quanto nos afastamos da simplicidade do evangelho. O distanciamento dessa simplicidade implica no distanciamento da imagem de Jesus em nós, pois, já não podemos dizer que nos parecemos com Jesus se amamos ser aplaudidos, reconhecidos. Não estamos identificados com Jesus se buscamos status.

Quando Jesus nos mandou carregar nossa cruz, na verdade estava nos dando a maior de todas as oportunidades de nos parecer com Ele, pois ele também carregou uma rude cruz, com muito sangue, pro nosso cristianismo ter algum “glamour”.

“Adotemos os princípios de um ‘estilo de vida simples’, que nos liberta do consumismo ou da busca de símbolos de status”, John Stott.

Os evangélicos, dentro de alguns segmentos do cenário religioso brasileiro, se tornaram extremamente hedonistas. Epicureus teria milhares de milhares de adeptos se estivesse em nosso meio hoje. Para muitos, pouco importa o exemplo do estilo de vida de Jesus que nos ensinou o desapego aos bens materiais, a referência de muitos é a opulência de Herodes em seu palácio.
No livro “Discípulo Radical”, Jonh Stott conta que se sentia extremamente constrangido quando as igrejas o convidavam para algum evento e as mesmas lhe mandavam passagens aéreas na primeira classe.

A imagem de Jesus durante a última ceia, quando ele se levanta da mesa e veste as roupas serviçais de um escravo e, se abaixando, começa a lavar os pés dos discípulos, era para provocar a desconstrução de toda nossa vaidade, de toda fama, de toda ganância por posição em pódio.

Creio que a toalha com a qual Jesus estava cingido quando lavava os pés dos discípulos certamente brilhava mais do que a púrpura que envolvia os braços de César em Roma.

Billy Graham, considerado maior evangelista do século passado, com apenas trinta anos já havia pregado para mais de 210 milhões de pessoas em mais 180 países. Conta-se que um dia enquanto participava de uma entrevista foi questionado sobre “como tinha conseguido alcançar tanto prestígio em suas missões”. Por que Deus havia escolhido Billy Graham?

Essa era uma ótima oportunidade de Billy Graham mirar os holofotes para ele, mas respondeu da seguinte forma: Deus, olhando do céu para a terra, não encontrou ninguém pior que eu! As nossas obras não devem apontar para nós mesmo, mas para Cristo.

Na Idade Média, os artistas (Giotto, Jan Van Eyck…) preferiam ser chamados de artesãos, e poucos assinavam suas obras. Devido ao Teocentrismo, acreditavam fielmente que suas obras eram realizadas por Deus, e não por eles. Dessa forma, assinar a obra, para eles, era o mesmo que roubar a glória de Deus.
Voltemos à simplicidade, e nos despojemos de toda honra ao nosso nome.

Por: Alan Corrêa

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Boletim Informativo - 05/08/2012

Clique na imagem para baixar o Boletim Informativo de 05/08/2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Como conhecer a vontade de Deus?

    Como tomar as decisões corretas? O que Deus quer realmente de mim? Ele se importa com todas as escolhas que faço?

   Como tomar as decisões corretas? O que Deus quer realmente de mim? Ele se importa com todas as escolhas que faço?
 
    A grande pergunta por trás de todo esse questionamento é de fato esta: Qual é a vontade de Deus para minha vida?

    Decidimos explorar esse assunto delicado e muitas vezes confuso, com a ajuda de quatro líderes espirituais de universidades cristãs.

Deus realmente se importa com minhas decisões?

    Deus se importa com tudo o que acontece em nosso coração. Em cada situação temos a oportunidade de escolher a quem iremos adorar. A Deus ou a nós mesmos. Deus deseja ser prioridade absoluta em nossas vidas.

    Em determinadas áreas da vida, a diferença entre as decisões certas e as erradas é bastante clara – como escolher entre colar ou não em uma prova. Em outras áreas, no entanto, é preciso escolher entre duas coisas boas – como escolher entre duas conceituadas universidades para estudar. Nesse caso, é possível que Deus se sinta honrado com qualquer decisão tomada. Em outros casos a escolha pode não se tratar de certo e errado, o que é uma boa oportunidade para praticar a sabedoria. Passar muito tempo se divertindo com os amigos, por exemplo, pode ser algo bom, mas se isso atrapalha aqueles momentos de paz e silêncio, pode ser mais difícil percebermos a presença de Deus. Ser sábio pode significar se afastar um pouco, desligar o celular de vez em quando para aquietar o coração e estar mais atento à presença de Deus no dia a dia.

    Às vezes, ao tomarmos decisões, pode parecer que estamos tentando encaixar Deus na história de nossas vidas. Mas na verdade, nós fazemos parte da história de Deus e Ele se alegra quando nos damos conta disso.
- Jamie Noling, pastor associado na universidade Azusa Pacific, Califórnia.

Como descubro a vontade de Deus?

    Em primeiro lugar, é preciso que nos certifiquemos de que estamos tentando obedecer ao que Deus já revelou através de Sua Palavra. Como obedecer aos pais, por exemplo. Essa é uma ordem clara de Deus. Não adianta ignorar a vontade revelada de Deus e esperar que Ele responda a perguntas sobre Sua vontade em áreas específicas de nossas vidas.

    À medida que estudamos Sua Palavra e passamos tempo em oração, nosso relacionamento com Deus cresce e começamos a entender Seu caráter. Estaremos então prontos para ouvir Sua instrução sobre as outras áreas de nossas vidas. Além de estudar a Bíblia e orar, é bom que estejamos dispostos a buscar aconselhamento de pastores ou irmãos mais maduros na fé.

    Se levarmos a sério a vontade de Deus, precisamos reconhecer que não se trata de conseguir o que queremos, mas sim de fazermos o que Deus nos manda. Devemos confiar e saber que Ele é bom, e que a Sua vontade é o melhor para nós.

  - Jeff Gangel, diretor de formação espiritual na Toccoa Falls, Geórgia.

Deus pode me pedir para fazer algo que eu não queira?

    Deus pode pedir que façamos algo que não nos parece natural em um primeiro momento. Mas à medida que escutamos e respondemos a Seu chamado, nos conectamos a nossos mais profundos desejos. Afinal, o que Deus nos chama a fazer, é o que Ele nos criou para fazermos.

    Muitos de nós temos hábitos que nos fazem sentir confortáveis e que apreciamos. Em longo prazo, no entanto, essas coisas podem não satisfazer nossas necessidades espirituais mais profundas. Podemos, por exemplo, ter o hábito de buscar aceitação das pessoas, seguindo os passos da maioria. Isso é fácil e pode fazer com que nos sintamos aceitos, mas na verdade, esse hábito pode impedir que nos tornemos quem fomos chamados para ser.

    Esse processo pode ser comparado a um atleta que se prepara para uma corrida. Para chegar ao ponto em que ele sentirá prazer ao correr longas distâncias, é preciso trabalhar duro e fazer coisas que não são tão fáceis e agradáveis. Mas quando o atleta está em forma, correr se torna uma grande alegria. Da mesma forma, quando começamos a percorrer o caminho da vontade de Deus, sentimos uma enorme alegria em cumprir Seu chamado.
- Greg Carmer, reitor da universidade Gordon, Massachusetts.

E se eu não perceber qual é a vontade de Deus?

    Tomar uma decisão errada não significa que estaremos para sempre fora da vontade de Deus. Isso é parte da beleza das escrituras: possui inúmeras histórias de pessoas que tomaram decisões ruins, e que ainda assim foram usadas tremendamente por Deus. Veja Abraão e Davi. Ambos fizeram coisas claramente erradas, mas Deus trabalhou através deles para realizar grandes coisas. Ele pode usar todas as nossas decisões, as certas, as erradas ou as neutras.

    Também precisamos lembrar que Deus é nosso Pai. Ele não está aqui para nos condenar, mas para nos tornar mais parecidos com Cristo. Se estivermos focados em Cristo, e em santidade, as outras coisas se encaixarão em seus devidos lugares. Deus não tem a intenção de nos oferecer apenas uma chance para fazer o que é certo.
- Shawn Holtgren, reitor de Desenvolvimento Espiritual e de Liderança na universidade Bethel, Indiana.

Por Liberty Lay

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Confiando no tempo de Deus

Você consegue se lembrar de algum momento em sua vida em que agiu impulsivamente, e acabou se arrependendo? Talvez tenha comprado um carro, assinado um contrato, ou feito um mal negocio por não ter pensado melhor antes. Qualquer que tenha sido a decisão tomada, você se arrependeu.
     
Eu descobri que o tempo de Deus é tão importante quanto Sua vontade. De fato, a Bíblia fala bastante a respeito de tempo. Eclesiastes 3: 1 diz: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu”.
     
A Bíblia relata a respeito de um homem de Deus que tinha uma noção de tempo muito ruim. Se ele participasse de uma corrida, seria aquela pessoa que sai do nada, ganha a liderança, e depois de repente, acaba prejudicando a si mesmo. O homem de quem estou falando é Moisés.

Apesar de ter sido um grande homem de Deus, ele cometeu pecados graves e passou por sérios retrocessos. Vale lembrar que, assim como Saulo de Tarso, Moisés era culpado de assassinato.

Moisés era um tanto impulsivo. Eu sou também, então posso entendê-lo. Mas a impulsividade tem suas desvantagens, e no caso de Moisés, ela trouxe resultados devastadores.
     
Moisés nasceu em um período de extrema dificuldade na história de Israel. Os descendentes de Jacó já contavam três milhões no Egito e haviam sido forçados à escravidão. Faraó, vendo os hebreus como possível ameaça, decretou que os meninos recém-nascidos fossem afogados no rio Nilo.
     
O povo clamava a Deus por libertação, e então veio Moisés, o homem de Deus. Antes, ele havia sido o bebê protegido por Deus e adotado pela filha do Faraó. O historiador judeu, Josefo, conta que esse Faraó não tinha filho nem herdeiro; Portanto, Moisés estava sendo preparado para se tornar o próximo Faraó do Egito. Ele estava sendo criado como realeza, o que significa que ele seria educado em tudo o que o Egito tinha a oferecer.
    
Moisés, no entanto, sabia quem ele era. Ele era um verdadeiro servo do Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Por baixo daqueles trajes egípcios, batia um coração hebreu.
     
Talvez tenha sido isso que o levou a entrar em ação quando ele viu um egípcio batendo em um hebreu. A Bíblia diz que ele “olhou a um e a outro lado” e matou o egípcio. (Veja Êxodo 2:12).
     
O coração de Moisés estava certo, mas suas ações foram tolas. É claro que Deus não disse a ele para agir de tal maneira. Ao invés de olhar a sua volta, Moisés deveria ter olhado para cima.
     
Provavelmente ele pensou que seus companheiros hebreus ficariam gratos pelo que havia feito, mas não foi isso que aconteceu. Todos sabiam o que tinha acontecido, mas ninguém aprovou. Quando Faraó soube do ocorrido, Moisés precisou fugir para se salvar. E lá foi ele, para o deserto.
     
Deus quer que cumpramos a Sua vontade, à Sua maneira e no Seu tempo.
     
Moisés era um líder em treinamento, não estava pronto ainda. Ele havia perdido seu povo, sua reputação, mas não havia perdido o seu Deus. O que parecia ser o fim era na verdade o começo.
     
Quarenta anos depois, Deus designou Moisés para conduzir os filhos de Israel para fora do Egito. Moisés não havia se dado conta de que Deus o estava preparando durante aquele tempo. Note o que Deus disse a ele: “Eu sou o Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque, e o Deus de Jacó”. (Êxodo 3:6).
     
O que Deus estava dizendo? Eu sou o Deus de homens comuns que realizaram coisas extraordinárias. Há esperança para você. Eu não sou apenas o Deus de Abraão. Não sou apenas o Deus de Isaque e Jacó. Eu sou o Deus de Moisés. Eu estou te chamando. Estou te dando uma segunda chance.
     
Deus ainda usa pessoas comuns hoje. Até mesmo as que cometeram pecados.
     
Talvez você esteja passando por uma situação em que se identifique com Moisés. Posso fazer uma sugestão? Confesse seus pecados a Deus. Lide e aprenda com eles. E saiba disso: Deus ainda pode usar você. Ele oferece segundas chances. Talvez você precise de uma hoje.

 Por Greg Laurie






Um país mais crente

A divulgação dos dados religiosos do Censo Demográfico 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), surpreendeu até os mais ufanistas dos crentes. O anúncio, no fim de junho, de que o número oficial de evangélicos no Brasil, agora, é estimado em 42,3 milhões de pessoas – ou 22,2% da população nacional – confirma a tendência de crescimento vertiginoso do segmento, acelerado nos anos 1980 e 90, mas que parecia ter perdido o ímpeto. Isso equivale a dizer que, de cada cinco brasileiros, um ou dois se declaram evangélicos. É muita coisa. Nos últimos dez anos, a Igreja Evangélica nacional cresceu mais de 6 pontos percentuais, o que configura um fenômeno religioso jamais visto na história do país. E isso, apesar de todos os questionamentos que as instituições religiosas têm enfrentado nos últimos anos, da perda de credibilidade de diversas denominações, dos escândalos envolvendo pastores famosos e do avanço do secularismo na sociedade. Para se ter uma ideia, o Censo também constatou que o grupo dos que se declaram ateus, agnósticos ou sem religião já conta com 15 milhões de pessoas.
Embora ainda pareça utópico dizer que o número de evangélicos vai superar o de católicos até meados deste século, o fato é que a Igreja Romana continua assistindo a uma debandada de fiéis. Praticamente absoluta no fim do século 19, quando seguida por quase 99% dos brasileiros, a fé católica, hoje, é professada por 65% dos brasileiros, ou 123 milhões de almas. O Brasil ainda é o maior país católico do mundo, mas o declínio progressivo preocupa o Vaticano. “Nós já esperávamos que houvesse queda no número de católicos, mas nossa expectativa era que fosse menor”, admite o padre Thierry Linard de Guertechin, do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento, entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, a CNBB. No entender do religioso, que também é demógrafo, várias causas têm contribuído para isso. “Parte da responsabilidade é da própria Igreja Católica, que não vai aonde o povo está”, aponta. Guertechin lembra que as igrejas evangélicas são mais capilarizadas. “Os fiéis não encontraram a Igreja nas periferias das metrópoles, como Rio de Janeiro e São Paulo, para onde acorreu o fluxo migratório das últimas décadas.”
“Em muitas paróquias católicas, a relação é de um padre para 20 mil fiéis ou mais. A falta de vocações e o envelhecimento do clero agravaram esse quadro, tornando mais difícil o pastoreio numa sociedade massificada”, opina o teólogo e pastor luterano Martin Weingaertner, membro do Conselho de Referência da Aliança Cristã Evangélica Brasileira. “Em contraposição, as igrejas evangélicas têm em média um obreiro para cada 100 fiéis, o que possibilita o que poderíamos chamar de ‘atendimento personalizado’”. Coordenador do Grupo de Trabalho sobre Igreja, Sociedade e Cidadania da Aliança, o pastor Weingaertner não acredita, contudo, que a Igreja Evangélica continue a avançar no ritmo atual e que possa superar numericamente a Católica. “Pela segmentação interna dos evangélicos, bem como por sua inclinação para a autofagia, a curva de crescimento deve diminuir. As igrejas evangélicas jamais chegarão a desempenhar um papel hegemônico, pois isso requereria uma organização hierárquica ou uma moldura doutrinária uniforme e rígida.”

“GUARDIÕES DA FÉ”
A ênfase do trabalho evangélico em grupos específicos, como crianças e jovens, é apontada pelo pastor Fernando Brandão, da Junta de Missões da Convenção Batista Brasileira, como outro fator de atração e fidelização das igrejas evangélicas. Além, é claro, da presença midiática. Desde os anos 1980, igrejas e líderes evangélicos, sobretudo os de linha pentecostal e neopentecostal, tornaram o Evangelho um produto de massa. “O uso dos meios de comunicação, como rádio e TV, foi determinante para a expansão do protestantismo no Brasil”, destaca Brandão.
Para o vice-diretor de Expansão Missionária da organização Servindo Pastores e Líderees (Sepal) e pastor da Igreja Presbiteriana Independente Oswaldo Prado, não de pode deixar de levar em conta, também, a popularização da mensagem que prioriza a bênção material: “As igrejas têm alcançado muitos que precisam de alento e encorajamento no meio da luta pela sobrevivência. Para isso, muitos têm criado o dualismo da conversão com uma inevitável ascensão social”. Prado, contudo, acredita que tributar tanto crescimento apenas à pregação da prosperidade é simplificar demais a análise. “Seria injusto classificar apenas esses movimentos como propulsores do crescimento evangélico em nosso país. Existem aqueles que optaram por estender o Reino de Deus em nosso país com absoluta seriedade e compromisso com os valores da Palavra do Senhor. São estes que têm sido os guardiões da fé cristã em nosso solo”, conclui. (Carlos Fernandes)

ESTATÍSTICAS

Religião no Brasil

123 milhões de brasileiros (64,4%) são católicos
42,3 milhões, ou 22.2%, são evangélicos
15 milhões se declaram sem religião, ateus ou agnósticos
3,8 milhões professam o espiritismo
570 mil são adeptos da umbanda e do candomblé

Top 3
Entre os países com maior presença evangélica em números absolutos, o Brasil aparece em 3º lugar:
1º – Estados Unidos, com 155 milhões de evangélicos e protestantes
2º – China, com 100 milhões (número estimado)
3º – Brasil, com cerca de 42 milhões

Por Carlos Fernandes